quarta-feira, 1 de abril de 2009

Entrevista: Cristiana Oliveira

Este ano Cristiana Oliveira completa 20 anos de carreira, que serão comemorados com muito trabalho. Em junho ela entra na novela "Paraíso", de Benedito Ruy Barbosa (o mesmo autor que há 19 anos lhe deu de presente a Juma Marruá, de "Pantanal"), e até o final do ano pretende lançar a peça "Uma relação delicada", da qual também assina a produção.

Aos 45 anos e há pouco mais de um ano afastada da TV, Cristiana encerra agora uma fase de reabastecimento, onde estudou Filosofia, História da Arte, fez aulas de voz e corpo e workshops de atores. Isso sem largar a análise e a malhação, que a mantém longe da possibilidade de voltar a engordar - Crica foi obesa na adolescência e não esconde o trauma que isso lhe causou.

EGO - Quase vinte anos depois de "Pantanal" você volta a fazer uma novela do Benedito Ruy Barbosa. Demorou para a parceria de sucesso se repetir, né?

Cristiana Oliveira - A gente vinha se falando por causa de "Pantanal" e ele comentou que faria uma novela e que adoraria voltar a trabalhar comigo. Fiquei muito feliz porque "Pantanal" foi um divisor de águas na minha vida. Fui pé de coelho para o Benedito (risos).

Você já confessou ser uma pessoa tímida. Um novo papel, um nodo desafio, te deixa insegura?

Quando estou com meus personagens não sou tímida, mas quando tenho que me expor, me sinto uma criança desprotegida.

Você diz quando vai a um evento e se depara com fotógrafos, é isso?

Isso. Morro de vergonha, não sei onde botar as mãos. Tem uma menina dentro de mim que se apodera em situações de exposição. Não me sinto à vontade e pode até ser que eu assuma um personagem para me defender. Já tentei trabalhar isso mas não consigo.

Com análise?

Faço análise há 35 anos. Comecei aos 10 anos. Acho que eu tinha algum déficit de atenção. Eu era extremamente hiperativa. Claro que teve momentos em que recebi alta, mas acabei voltando porque acho que faz bem para a minha vida.

O que mais faz bem para a sua vida?

Não abro mão de malhar. Tenho uma academia montada em casa, mas também gosto de correr na praia. Ando muito ansiosa porque estou produzindo muito intelectualmente, então coloco o exercício como terapia.

Você é do tipo que come por ansiedade?

Já bloqueei na minha vida isso de comer por ansiedade. Quer me ver feliz é botar na minha frente um prato de estivador com arroz, feijão, bife, batata-frita, ovo e farofa, mas não posso. Sou uma obesa magra. Meu metabolismo é muito lento. Se eu comer como uma pessoa normal viro obesa de novo.

Em que fase da vida você foi obesa?

Fui obesa aos 16 anos e depois aos 22, depois de ter a Rafaela (sua filha mais velha, de 22 anos). Estou magra há 23 anos. Mas em 2005 tive hipotiroidismo, comia muito e não percebia e ganhei 12 quilos. Aí comecei a fazer tratamento com hormônio e emagreci.

Isso te marcou muito, né?

Cheguei a vestir 36 mas me olhava no espelho e me sentia gorda. Tive uma luta muito grande com a obesidade. Cheguei a pesar 105 quilos na adolescência. Fui muito rejeitada, sofri demais. Eu era extremamente insegura, então fiquei traumatizada e não queria que isso voltasse a acontecer.

Está feliz com o seu corpo hoje?

Hoje tenho 66 quilos e 1,76 de altura. Não sou magrinha. Sou mulher brasileira e adoro ser assim. Mas acho que meu corpo é um nada. Tem que estar à mercê dos personagens.

E se o personagem da sua vida, aquele irrecusável, exigisse que você engordasse bastante. Você toparia ou não pegaria o papel?

Não sou hipócrita. Eu entraria em um conflito pessoal muito grande. Amo minha profissão mas a obesidade foi um trauma muito grande na minha vida. Eu precisaria de um tempo para digerir a proposta, mas acho que aceitaria sim.

Como faz para não passar esse trauma para as suas filhas?

A Rafaela é gordinha desde novinha. Ela tem a minha genética, não tem jeito. Mas ela tem uma auto-estima muito grande, não se incomoda com isso. Digo para ela: 'Desde quando magreza é virtude?'. Então, ela tem esse valor. Eu só me preocupo com a saúde dela.

O que não entra na sua geladeira?

Aqui em casa não tem doce, sorvete ou fast-food. Nós três (ela, e as filhas Rafaela e Antônia Helena, de 9 anos) temos uma nutricionista que nos acompanha. Mas claro que de vez em quando a gente tem vontade de comer um cachorro-quente. Aí, compramos a salsicha e comemos.

Seu último trabalho na TV foi uma participação especial na noveja "Sete Pecados", no final de 2007, mas você já fez várias novelas seguidas. Escolheu fazer essa pausa?

Não tenho a ansiedade da TV, e sim de manter meu trabalho como atriz atualizado. Por isso faço Filosofia, História da Arte, aula de voz e aula de corpo. Adoro televisão e acho um exercício maravilhoso mas, às vezes, tem que haver um equlíbrio entre personagem e disponibilidade interna.

Fonte: Ego

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